19 de nov. de 2013

Brincadeiras ao ar livre estão desaparecendo

Por Irina Vieira

Maria e Ricardo Caldas. Foto: Yri Maya
Atualmente as crianças brincam muito com jogos eletrônicos, passam horas no computador e nos smart fones. Elas estão preferindo esse tipo de lazer a uma brincadeira divertida como esconde-esconde ou pega-pega.

Quando era criança, o advogado Ricardo Caldas, 32, sumia dos olhos atentos da mãe e se divertia. “Eu brincava com todas as brincadeiras da minha época, empinava arraia, jogava bola, sou fanático por futebol. A maioria do meu tempo era jogando bola, gude, brincava muito com meus amigos de garrafão”.

Caldas explica as regras do garrafão: “a gente desenhava uma garrafa grande no chão, com um círculo na frente. Se uma pessoa pisasse, ou ficasse dentro do garrafão, ela corria o risco de levar cascudos, murros e tapas, então ela precisava correr rápido para o céu, que era o círculo. Participava quem tinha condições de apanhar. E era entre amigos, a gente se batia mas tudo se resolvia. Tudo tinha uma aposta, ou pagava uma prenda”, declara entre risos.

O advogado tem uma sobrinha de três anos, Maria, e fala sobre o tipo de brincadeira que ela gosta: “ela já está inserida nos jogos eletrônicos, o Pool, tipo tamaguche, que a pessoa, dá banho, dá de comer, apaga a luz para o bichinho dormir,” diz.

O tio lamenta a falta de interação social da menina. “Ela vê as outras crianças e não se empolga para brincar. Quando era mais novinha, ela ouvia a voz de uma das vizinhas e queria descer para o playground, só que agora ela prefere ficar nos jogos eletrônicos”, declara.

Maria brinca de esconder dentro de casa. Foto: Yri Maya
Como a pequena Maria só tem três anos, ela ainda precisa de cuidados. “Eu prefiro muito mais as brincadeiras que eu participava quando era criança, era muito mais divertido, interativo, a criança tinha a probabilidade de fazer mais amigos. Hoje em dia a pessoa não tem mais amigos, tem seguidoras no Facebook. Se isso é bom ou ruim vai mais por conta da violência também".

Caldas reconhece que brincar na rua é mais complicado do que antigamente."Hoje em dia, a pessoa não pode passar por isso, por que em qualquer lugar as drogas estão tomando conta, pessoas estão agindo de má fé, ainda é muito perigoso confiar”, declara.

O jornalista Márcio Vieira, 58, lembra que aprontava ao ar livre. “A gente juntava os grupos e brincava na rua, brincávamos de picula, guerrinha, Fura Pé, guerra de badogue com mamona. As brincadeiras que tínhamos eram na correria mesmo. A guerra de mamona, até certo ponto, era um pouco violenta. Juntavam duas turmas e quem acertasse o outro era como se tivesse matado, doía bastante, porque a mamona era como se fosse bala”.

Ele conta uma peripécia que fez quando era pequeno. “Eu tinha chegado da escola e fiquei entrando em casa, e pulando pela janela, entrava em casa e pulava pela janela. Lembro que fiz isso umas seis vezes, em um desses pulos, deu uma torção na coluna. Fiquei sem conseguir falar. Entrei em casa desesperado, não conseguia respirar direito, minha mãe e minhas tias pegaram água quente, misturaram, jogaram em cima de mim para dar um choque térmico. Só assim eu consegui voltar a falar e respirar novamente” recorda entre risos.

“Também lembro do dia que eu ganhei uma patinete. Fiquei numa felicidade danada. Tinha uma ladeirinha que comecei a descer com a patinete e, no finalzinho, eu freava, subia correndo com a patinete na mão e descia novamente. Numa dessas descidas perdi o controle e caí numa ribanceira. Saí capotando e me arrebentei todo, me arranhei, mas não tive nada grave”, lembra Vieira.

Algumas dessas brincadeiras são feitas hoje por poucas crianças. As mais vistas são picula e garrafão, o Fura Pé, como foi dito por Márcio, não é tão praticado pelas crianças de agora. “O Fura Pé precisa ser na terra, não tem outro jeito de brincar. No asfalto não dá, no playground também não, nem areia serve, pois areia é muito fofa, precisa ser mesmo em terra, tem de cravar o ferro na terra.” Veja as regras no vídeo abaixo:



Márcio vê vantagem e desvantagem nos jogos eletrônicos. “Ultimamente as crianças estão brincando mais de jogos no computador e videogame. Acabam esquecendo de brincar na real, pois estão brincando no virtual. A troca de experiências na rua é muito melhor. Porém existe muita violência nas ruas. É até complicado deixar o filho brincar na rua. Os pais se preocupam muito com isso, então as crianças acabam sendo privadas e ficando em casa brincando na Internet, que às vezes tem muitos jogos educativos”, declara.

O ruim da internet são os jogos de lutas, de armas, que as crianças estão jogando cada vez mais. Acabam mal influenciadas. Veja alguns sites com jogos educativos.

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